Antes de tudo é bom relembrar que uma análise reflete a opinião pessoal de um autor sobre o jogo, cada pessoa pode ter uma experiência diferente, por isso se você discordar de algo escrito nessa análise saiba que isso é apenas uma opinião pessoal do autor.
Lançado para todas as plataformas em 2016, Hue, da Curve Digital, é um grande estudo da importância das cores e como isso pode afetar a vida humana e suas relações.
Está certo que essa proposta parece grandiosa demais, mas “Hue” convence pela sua simplicidade: toda a contextualização do jogo narrada em off com textos muito bem escritos consegue passar essa mensagem de forma clara. O enredo do game dá um pretexto muito bom para isso:
Conta-se a história de Hue, um menino que vive em um mundo sem cores, em “preto e branco” (como nas televisões de modelos antigos) e que busca sua mãe, uma doutora que estuda como as cores afetaram a vida humana hoje e nas civilizações antigas, além de estudar como manipulá-las, mas que esta desaparecida. Nessa “aventura”, Hue enfrenta diversos obstáculos e passa a conhecer as cores, para assim tentar encontrar sua mãe (personagem que é narrada perfeitamente por Anna Acton com um sotaque britânico adorável).
De fato é uma história simplória, como disse o jogo convence pela sua simplicidade.
Contudo, ter essa base como plano de fundo firmado abre a possibilidade para as
discussões interessantíssimas que o jogo abre sobre as cores e a realidade, o que
realmente é o seu foco e não a história em si.
Pois, segundo a análise da mãe de Hue, as cores nos mostram que tudo pode ser real e uma ilusão ao mesmo tempo, e que podemos viver em uma forma distorcida da realidade:
Em um mundo incolor, como no jogo, ter ciência da existência das cores e poder enxergar algo em sua forma “colorida” é observar a realidade como realmente é, e não de forma distorcida ou de forma mais simples, como antes. Essa discussão sobre o que é real ou ilusão gera um conceito tão interessante quanto:
Algo que em sua essência é totalmente incolor não existiria em um lugar sem cores, afinal, como poderíamos diferenciá-lo do restante do mundo? Utilizando tal lógica, seria possível dizer que esse objeto não seria matéria num mundo incolor, mas seria em um mundo que as cores existem.
E mesmo que isso seja cientificamente incorreto, o jogo utiliza bastante esse conceito, em especial na sua jogabilidade.
Para bem ou para mal, “Hue” é um jogo indie ou tecnicamente falando, jogo de plataforma, com uma quantidade exagerada de puzzles para continuar seguindo a história (Já que se trata de um jogo retilíneo). Contudo, a jogabilidade se relaciona de forma perfeita com a história nesse ponto dito anteriormente sobre a relação entre cor e matéria:
Ao se conquistar uma cor, é possível alterar a realidade na qual tudo que em sua essência for dessa cor não existirá mais, não seria mais matéria. Isso é muito útil e necessário nos infindáveis puzzles do jogo.
E, falando nisso, esses “desafios” variam entre divertido e detestáveis: Como muitos jogos indies, é necessário parar pra pensar em como resolver o puzzle, em como “passar de fase” utilizando esse artifício de mudar a cor do ambiente, e nos mais desafiadores, é necessário fazer várias tentativas até entender a lógica do desafio jogado. Alguns deles se tornam detestáveis porque são bem maçantes nesse sistema de tentativa e erro. Além é claro, devido à quantidade desnecessária e exorbitante de puzzles que esse jogo tem. Observe um exemplo de um desafio abaixo:
E o que torna isso ainda mais frustrante é observar que uma temática tão bacana, uma discussão tão interessante como distorção da realidade e a importância das cores ser reduzida a vários desafios de ficar puxando a caixinha aqui, mudando a cor pra abrir passagem ali, isso várias e várias vezes, o que é quase um desperdício de potencial…lamentável.
“Hue” é um jogo que aposta na simplicidade, tendo uma proposta muito interessante de poder manipular as cores e mostrar como essas são importantes para a vida humana, além de demonstrar como cada cor tem significado e importância própria. Entretanto, o game peca pelo excesso de puzzles totalmente desnecessários e que acaba se tornando maçante por isso, tendo como diferencial de outros indies realmente essa questão de manipular a cor do ambiente.
Atualmente, está disponível para compra na loja do Xbox por 30 reais (Indico esperar uma boa promoção caso não tenha o jogo), além de ter saído na Games With Gold recentemente. É um título que definitivamente vale a pena conferir!
Nota: 7/10
Eaí o que vocês acham, vale apena jogar?
Esperamos que tenha gostado!
Essa análise é uma opinião do autor: Sub Zero
Editor de texto: @CaixistaFox