Antes de tudo é bom relembrar que uma análise reflete a opinião pessoal de um autor sobre o jogo, cada pessoa pode ter uma experiência diferente, por isso se você discordar de algo escrito nessa análise saiba que isso é apenas uma opinião pessoal do autor.
Inside não é um jogo que se vê por aí todo dia. Mesmo que se trate de um indie que tenha puzzles (como qualquer outro jogo do gênero), a história do jogo é o que mais se destaca de todos os aspectos, tornando-lhe assim em um jogo único.
E o mais curioso disso é que a história do jogo é quase que inteiramente o que interpretamos dele. Não existe nenhum registro vocal ou escrito no jogo falando especificamente daquilo que ele trata, mas podemos determinar o(s) tema(s) do jogo pelo aquilo que ele mostra. Isso já demonstra o caráter misterioso que o jogo assume do início ao fim; nunca sabemos exatamente o que cada acontecimento realmente quer dizer.
Contudo, podemos inferir o principal tema do jogo por aquilo que é mostrado nele e pela sua sinopse. Em Inside, há um mundo onde as pessoas são controladas mental e fisicamente, por líderes, líderes esses que possuem seus capangas que estão sempre de máscara e que colocam todo mundo “na ordem”. Nesse contexto, controlamos um garoto de blusa vermelha, com nome não especificado (de novo o mistério) que está sempre fugindo desse governo, desse controle pelos líderes. Assim passamos por cenários diversos: florestas, cidades, laboratórios, prisões (ou algo semelhante), até debaixo d’água.
Outro ponto importante da história do jogo é que está sendo um feito um grande experimento com humanos, dentro de um laboratório, provavelmente apoiado pelo governo. Infere-se que esse experimento tenha relação com domínio mental que as pessoas estão sofrendo nesse mundo, como se elas estivessem sido dominadas para cooperar nesse experimento. E como diz na sinopse, esse garoto “acaba sendo atraído para o centro de um projeto sombrio.”
Pessoas sendo levadas em gaiolas, personagem assiste tudo escondido. Observe as duas pessoas observando tudo, ao fundo
No entanto, tudo isso é uma teoria fundamentada naquilo que o jogo nos mostra. Existem várias teorias diversas por aí desse jogo, as quais indicam que ele trataria de temas considerados ainda mais pesados, o que não é uma contradição pois Inside não é um jogo leve, mesmo que seja indie. Muito pelo contrário, é um jogo que assusta, dilacera, consegue passar uma tensão eletrizante, consegue espantar ao ponto de enojar, em especial em seu final. É quase que um jogo de terror caracterizado como jogo de indie, ou pode ser considerado um jogo indie mais ácido, com vários momentos beirando o terror, beirando o creepy.
Isso gera um impacto na gameplay: como dito, controlamos um menino que está fugindo a partir de comandos bem simples, Mas, para minha surpresa, em vários momentos do jogo temos uma espécie de aparelho onde podemos controlar mentalmente outras pessoas que (ao que tudo indica) sofreram uma espécie de lavagem cerebral, não pensam mais por si mesmas. Isso ajuda nos vários puzzles ao qual temos que passar para prosseguir a história e (tentar) desvendar o que está acontecendo. Como nada é perfeito, alguns puzzles são bem chatos de fazer. Mas isso não tira o mérito do jogo, pois ele consegue gerar vários momentos de tensão, alguns que chegam a ser tão impressionantes que se tornam inesquecíveis,como os momentos no vídeo a seguir:
Controlando pessoas mentalmente pelo aparelho
Vídeo de pessoas sendo controladas
Aqui podemos observar como eles utilizam a gameplay de uma forma perspicaz, o que faz com que o jogo seja ainda mais imersivo e nesse caso ainda mais assustador. Assim como a gameplay, a arte do jogo é simples mas pontual: sempre utilizando tons mais cinzentos e escuros nos ambientes e ao fundo, combinando perfeitamente com a atmosfera do jogo, e utilizando um tom mais claro para quando a luz estiver refletida.
Bem, tendo em vista o histórico da desenvolvedora do jogo, o jogo ser tão misterioso e profundo assim é justificável: Inside é produzido pela PlayDead, a mesma que produziu Limbo, um sucesso tremendo com uma proposta e características muito semelhantes a Inside. Ou seja, a Playdead sabia muito bem o que estava fazendo ao construir um jogo tão complexo quanto esse.
E por esse motivo, Inside é quase perfeito. É um jogo que consegue provocar várias emoções e sensações diferentes em quem joga e a maioria delas é desconfortável (E isso não é algo ruim). A história linear que acompanha o fugitivo em um mundo totalmente controlado é marcante por ser macabra, e por ter um dos finais mais bizarros que já vi. A gameplay é simples, mas se adéqua perfeitamente aquilo que o jogo propõe. Como dito no início da análise, Inside não é um jogo que se vê todo dia pelos motivos citados, logo é um jogo que definitivamente vale o investimento.
Ademais, no dia que esse texto está sendo publicado (29/07/2022), Inside é liberado no catálogo do Game Pass para assinantes, sendo então uma oportunidade imperdível de conferir esse título interessantíssimo.
Nota: 9/10
Eaí o que vocês acham, vale apena jogar?
Esperamos que tenha gostado!
Essa análise é uma opinião do autor: Sub Zero
Editor de texto: @CaixistaFox