Data de lançamento: 27/08/2019.
Desenvolvedor e distribuidor: Remedy, 505 Games.
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X/S, PS4, PS5, Nintendo Switch e PC.
Esta análise é uma opinião de seu criador, Fauno.
A Remedy Entertainment fez um trabalho incrível com recursos limitados, e isso fica claro desde o início do jogo. Control entrega uma experiência completa e satisfatória, trazendo um conteúdo sólido e fundamental para a base de uma nova franquia, mas peca em reter a atenção do jogador e possui um combate limitado.
História (Sem Spoilers)
Control possui uma história primorosa e instigante. Jesse Faden é uma personagem carismática, e a atriz Courtney Hope dá vida a ela de uma forma excepcional, assim como fez em Quantum Break, do mesmo estúdio. Jesse é muito maneira, e sua relação com a consciência Polaris, seu susto ao encontrar o Rumor pela primeira vez, e sua inexperiência com assuntos sobrenaturais criam uma aura de que Jesse entende tanto quanto o jogador. Essa técnica de roteiro é primorosa, pois nos conecta com Jesse de uma forma única, nos fazendo sentir pequenos e perdidos em um novo mundo, exatamente como seria na vida real. Contudo, não dá para negar que o jogador pode se sentir perdido na história durante as primeiras horas, o que não é um ponto negativo em si. Uma das grandes qualidades da história de Control é a vontade constante criada no jogador por descobrir mais e prosseguir. Vou falar mais sobre, à frente, mas o que me segurou de verdade em Control foi a curiosidade de saber para onde iria uma história que fica cada vez mais maluca. O tempo médio para jogar a campanha e as DLCs é de 25 horas, mas demorei 32 horas, porque parava para ler todos os coletáveis que encontrava pelo caminho. No entanto, a história não é perfeita, deixando algumas pontas soltas importantes e perdendo um pouco do ritmo na metade do jogo. O final é excelente e satisfatório, mas um pouco apressado, deixando os jogadores com mais perguntas do que respostas. Certamente, isso faz parte da estratégia da empresa em engatilhar uma sequência para Control 2, mas a verdade é que eu contava com um final mais fechado e satisfatório.
Gráficos
Os gráficos de Control são muito bons. Não é o ápice da nova geração, mas considerando que o jogo é de 2019, são gráficos bem bonitos. A tecnologia de captura de movimentos faciais brilha, e as emoções de Jesse e dos demais personagens são totalmente presentes. Contudo, o que mais impressiona são os efeitos causados pela destruição nos ambientes. Mesas colapsam, cadeiras esfarelam e é possível até quebrar mesas inteiras de concreto quando o jogador joga objetos pesados nelas. As explosões e impactos causam um show de faíscas em contato. Percebe-se que uma boa parte do poder da Northlight Engine foi direcionado mais à física do que aos gráficos, apesar destes serem excelentes.
Jogabilidade e Física
Como já abordei acima, a física dos interiores da Antiga Casa é impecável, e o jogador raramente verá um objeto no ambiente não reagindo como deveria. A física dos personagens também é realista, respeitando o impacto de objetos, saltos, voo e peso da arma de Jesse.
E claro, a física é a chave para a jogabilidade fluída de Control. É um jogo delicioso de jogar. O controle sobre Jesse é preciso, a mira é firme, e é divertidíssimo jogar pedras, privadas, granadas, vasos de planta e vassouras nos inimigos com a força de um trem.
A inteligência artificial dos inimigos não é genial, mas é inteligente o suficiente para criar uma gameplay desafiadora e dinâmica. Os combates em Control lembram um Soulslike de tiro em 3ª pessoa, mas diferente de Remnant: From The Ashes, Control incentiva um estilo de jogo agressivo de alta mobilidade, e isso ocorre porque os inimigos soltam vida, e é necessário se locomover até onde morreram para coletar vida perdida. Ao longo da gameplay de Control, o jogador estará sempre em movimento, pois ficar parado irá representar a derrota certa.
Durante a campanha, Jesse Faden desbloqueia diversas habilidades psíquicas para sua arma, que transformam bem a gameplay até o final do jogo. É possível aumentar a vida máxima, arremessar objetos com mais força e frequência, levantar um escudo de escombros, controlar a mente de inimigos, voar, e aumentar o dano das armas por meio de perks. No entanto, os perks não possuem o mesmo peso das habilidades, e administrá-los pode ser bem tedioso. Tampouco possuem o peso esperado, concedendo melhorias essenciais para a reta final do game, mas que não são sentidas pelo jogador como ocorre com as habilidades.
As armas, na verdade, se trata apenas de uma arma, encontrada por Jesse logo no início da história, a Arma de Serviço. Inicialmente uma pistola, a arma muda para formas bem criativas como uma escopeta, submetralhadora, lançadora de granadas e arbalete. No entanto, aqui se encontra o primeiro grande problema da gameplay de Control: nenhuma das armas parece ser tão bem balanceada como a pistola, e por mais que haja uma curiosidade natural do jogador em experimentar as variantes da arma de Jesse, o jogador sempre vai acabar voltando para usar a pistola. Com a exceção de 2 chefes durante o jogo inteiro, não senti a necessidade de apelar para outra variante da arma, que não a pistola. Por falar em repetição de arsenal, o mesmo ocorre com a habilidade de lançar entulhos e objetos. A habilidade é tão boa e forte, que induz o jogador a maximizar os pontos apenas nessa habilidade, tirando opções e variedade de gameplay. Afinal de contas, qual o incentivo de experimentar se “time que está ganhando, não se mexe?”. Até a metade do jogo, o jogador não irá notar esse problema, mas perceberá quando ver que na 2ª metade do game, está apenas usando a pistola e o “lançador de entulho”. É aqui que o enjoo da gameplay de Control se torna evidente. Apesar de Jesse ganhar novas habilidades, poucas são úteis além das que o jogador já entendeu e dominou. Nesse ponto, o jogo já deveria estar perto do fim para não entediar, mas está apenas na metade.
Contudo, seria injusto não mencionar a acessibilidade de opções para facilitar o jogo. Control não possui modos de dificuldade, mas possui modificadores de vida e energia, sem bloquear as conquistas. Além destas opções, há a opção de matar inimigos com tiro único e de invencibilidade, tudo em nome da diversão em explorar o mundo. Sendo assim, o jogo agrada tanto jogadores hardcore, como jogadores mais casuais que só querem focar na exploração e história da Antiga Casa.
Design de Mundo
Falando em exploração, a Antiga Casa possui ambientes extremamente curiosos. Todos parecem entre si, dando a impressão de que o jogador está em um escritório de uma agência governamental, mas ao mesmo tempo, a natureza modular da Antiga Casa, permite que cenários únicos e memoráveis sejam criados, dando a impressão que o jogador nunca passará pelo mesmo local duas vezes, o que é incrível!
Não se sabe ao certo o objetivo da Remedy em construir um mundo dessa forma, mas parece ter a ver com poder de processamento dos consoles e construção de mundo. A versatilidade e “limitação” (entre aspas, porque não é ruim) de ambientes da Antiga Casa, permite que a física do motor do jogo brilhe e ainda consiga gerar gráficos bonitos e um desempenho sólido.
Uma coisa muito legal de Control é a construção e design de mundo, que respeita totalmente as premissas e regras do universo, estabelecidas pela história e diversos documentos e e-mails espalhados pelo mundo. A Antiga Casa é um lugar muito doido, mas em nenhum momento pensei algo como: “isso é um absurdo!” Claro que é absurdo, mas faz sentido. O mapa em si é um pouco confuso, mas Control não possui marcador de objetivos, cabendo sempre ao jogador descobrir como passar por um quebra-cabeça ou o que fazer em determinado ambiente. Essa característica instiga o jogador a continuar seguindo e explorando cada cantinho dos ambientes que passa. A exploração do mapa de Control também bebe em fontes do gênero Metroidvania, possuindo alguns locais inacessíveis até o jogador adquirir alguma habilidade ou poder específico. Contudo, raramente o jogo obriga o jogador a passear mais do que o necessário pelo mapa, com exceção dos horríveis “alertas” que pipocam o jogo todo e quebram totalmente a imersão em alguns momentos. Não, eu não quero interromper minha luta contra o chefe para salvar o pessoal do Departamento no mesmo local, 3 vezes seguidas. Contudo, os “alertas” não são obrigatórios e não há penalidade em ignorá-los.
Som
O som de Control é nota 10. Pesado, impactante, claro e detalhado, passando totalmente a ambientação intencionada pela Remedy. O som que um pedaço de concreto faz ao ser controlado por Jesse antes de ser arremessado em um inimigo e explodir em faíscas é realmente impressionante.
E claro, a cereja do bolo é a participação da velha conhecida banda do universo Remedy, Poets of the Fall ou Old Gods of Asgard, seu alter-ego no universo de Control e Alan Wake. Lutar contra vários inimigos em um labirinto que vai se transformando completamente, enquanto a música “Take Control” toca com força total, ao fundo, é uma das melhores experiências que já tive em um jogo de 3ª pessoa.
Bugs e Desempenho
Apesar de Control ter levantado algumas controvérsias em seu lançamento quanto ao desempenho, principalmente nos consoles da geração passada, não tive quaisquer problemas de quedas de frame ou bugs. Control: Ultimate Edition parece ter sido totalmente corrigido em suas falhas, então tive uma experiência livre de bugs e a taxa de quadros raramente caiu abaixo dos 60 FPS.
DLC – Fundação/EMA
Lembra que eu falei do desenvolvimento bom das habilidades e gameplay divertida durante o decorrer do jogo? Lembra que eu falei que uma hora enjoava? Então, nesse ponto, as DLCs entornam o caldo e o gameplay se torna enjoativo e repetitivo, de verdade! Contudo, isso não implica em dizer que as DLCs de Control são ruins. A DLC Fundação tem uma excelente abordagem em continuar a história de Jesse e responder algumas perguntas do jogo principal, enquanto cria diversas outras perguntas e mistérios instigantes na história, além de investigar um misterioso inimigo, encontrado em uma missão secundária do jogo principal.
Já a DLC EMA faz um crossover com a grande franquia Alan Wake da Remedy e é bem difícil expor a história sem esbarrar em spoilers, mas é suficiente dizer que a história é incrível e os fãs do Remedy-verso irão se sentir extremamente satisfeitos. Com relação à gameplay, pouco muda nas DLCs, ocorrendo poucas mudanças na variedade dos inimigos e na rotação da jogabilidade. E aí está um dos grandes problemas que senti no final de Control, a gameplay enjoa e no final das DLCs, o jogador só fica ansioso em chegar o quanto antes ao final, sendo puxado e incentivado única e exclusivamente pela história.
Diversão
No quesito diversão, Control satisfaz e muito! Mas somente até sua parte final e como dito, o que mais segura o jogador é a história e a ambientação de mundo. É comum o jogador sentir um tédio ao se aproximar do final, mas felizmente a história mais do que segura as pontas e deixa o jogador engajado em saber o que terá no próximo corredor ou área.
Também é importante ressaltar que Control é muito divertido para os completistas e quem busca miletar o game. Sempre há algo interessante para descobrir e o mundo recompensa os curiosos, criativos e exploradores, de forma única.
Preço
Apesar de Control ser um jogo ótimo, não é perfeito, então não vale seu preço cheio. Recomendo jogar através do Game Pass ou adquirir a Ultimate Edition em alguma promoção. As DLCs irão agradar mais os fãs da Remedy e do criador e roteirista Sam Lake, então se você não conhece Quantum Break e Alan Wake, recomendo adquirir o jogo base antes de comprar as DLCs.
Este review foi escrito com base no Control: Ultimate Edition, disponível desde o dia 13/03/2024 no Xbox Gamepass Ultimate/PC e jogado no Xbox Series S.
E aí o que vocês acharam dessa análise sobre Control?
Esperamos que tenham gostado!
Essa análise é um opinião do autor: Fauno
Editor de texto: Astrobit
Control
Control é um dos melhores jogos da intergeração Xbox One – Xbox Series S/X. Já é preciso deixar isso claro desde o começo. A Remedy Entertainment fez um trabalho incrível com recursos limitados e isto fica claro, desde o início do game. Control entrega uma experiência completa e satisfatória, trazendo um conteúdo sólido e fundamental para a base de uma nova franquia, mas peca em reter a atenção do jogador em alguns momentos e possui um combate limitado.
- História cativante, misteriosa, instigante e inteligente
- Gráficos lindos, desempenho estável e livre de bugs
- Física e ambientação impressionantes
- Divertido e recompensador
- Jogabilidade fica entediante na 2ª metade do jogo