Tomb Raider, uma das clássicas franquias do mundo dos jogos desde 1996, que também já foi adaptada para o cinema, sofreu uma espécie de “reboot” ou recontagem da história de Lara Croft em 2013, com um novo game desenvolvido pela Crytal Dynamics e publicado pela Square Enix. Este jogo, por sua vez, seria o início de uma nova trilogia, e que, por isso, tinha uma responsabilidade considerável tendo em vista que seria a porta de entrada para as mudanças que seriam feitas nessa franquia tão conhecida. Sendo assim, este é o jogo que vamos analisar por aqui, mas já adianto: é um excelente jogo.
História
Decidi começar essa análise por onde o game mais se destaca: a história e a ambientação. Situado na ilha de Yamatai, Tomb Raider conta a história de Lara Croft, uma arqueóloga que, junto com sua tripulação, buscava uma ilha japonesa na qual havia registros de Himiko, a rainha do Sol, um ser com domínio de poderes místicos. Contudo, já no inicio do jogo, o navio em que se encontrava sua tripulação estava naufragado perto da ilha em questão, e Lara Croft agora estava sozinha em Yamatai que, digamos assim, não é muito amigável.
De certa forma, o que mais marca a história de Tomb Raider é realmente a questão da sobrevivência naquela ilha cheia de adversidades e perigos mortais. Lara tem que enfrentar situações extremas e sobreviver a elas por pouco, o que infelizmente não acontece para alguns de seus amigos arqueólogos que a acompanham nessa aventura. Aliás, o que vai moldando o caráter e a personalidade de Lara são as perdas e as quase mortes que advém com essa jornada mortal de Tomb Raider. É isso que eu considero mais especial nesse jogo, a forma como eles lidam com a Croft: ao longo de toda história é possível observar a forma como eles estão criando uma personagem interessante, determinada e com fortes motivações, criando mesmo uma base para os próximos jogos, como se estivessem lapidando um diamante. Em resumo, temos aqui uma espécie de “história de origem” da Lara Croft, na qual ela vai, aos poucos, descobrindo o que ela é e o que significa “ser uma Croft”. Mas não se engane: é uma história trágica e implácavel.
Sendo que, é nisso que a história de Tomb Raider mais acerta, quando lida com a protagonista. Ademais, cada personagem secundário tem um background interessante, (alguns mais interessantes que outros) o que torna ainda mais doloroso ver o final de alguns deles; afinal de contas, esse aqui é um jogo que não poupa ninguém.
Mathias- o grande vilão do jogo
Contudo, nem tudo é perfeito na narrativa que esse jogo constrói: Mathias, o grande vilão do jogo, deixa um pouco a desejar. Suas motivações não são muito claras, o que dá a sensação de que ele é apenas uma ferramenta do roteiro da história do jogo para sair de um certo ponto e chegar no outro, tornado-se um personagem um pouco superficial, ou apenas um líder político e religioso maluco.
Outro fator que me incomodou bastante nesse jogo foram algumas reviravoltas muito óbvias que aconteceram e também um momento especifico de pura conveniência que chegou a ser risível. Ainda assim, não posso negar que sua história cumpre muito bem o seu papel de iniciar uma nova fase para essa franquia.
Ambientação
Outro fator que acertaram em cheio foi a ambientação: A Ilha de Yamatai é cheia de cenários exuberantes, belíssimos, tão belos quantos mortais. Algo que eu achei interessante foi a diversidade e a pluralidade de ambientes e locações explorados: Temos florestas tropicais, cavernas, montanhas cobertas de gelo, uma região mais desértica, aqui tem de tudo. A direção de arte desse jogo é simplesmente excepcional.
Algo que é bem expressivo no game são as mudanças climáticas, especialmente a chuva, que faz com que a protagonista passe por mau bocados, como não conseguir acender uma fogueira e quase ter uma hipotermia.
Mas o que mais gostei foi como a ambientação conversa com o que acontece no jogo, seja nesses momentos climáticos, seja nas várias cavernas que podemos explorar e descobrir algo como informações relacionadas a ilha ou os animais presentes, os quais é possível interagir (ou melhor, matar para se alimentar ou não morrer). Além disso, há vários itens colecionáveis espalhados pelo mapa, como áudios sobre pessoas que já estiveram ali, papéis com alguma mensagem e etc, o que ajuda a entender mais o que está acontecendo na ilha.
Resumindo, a ambientação de Tomb Raider é precisa tanto para demonstrar como a ilha de Yamatai é um ambiente de tirar o fôlego (em certas ocasiões) como também consegue passar a sensação de que ali há um perigoso mortal e eminente.
Gameplay
A gameplay do game também não fica para trás. O jogo se caracteriza por ser de ação, possuindo um variado arsenal com diversas armas de fogo e o emblemático arco da Lara, desse modo o combate aqui é muito presente embora se trate também de um jogo de sobrevivência. E eu falo no sentido mais puro e literal possível.
Alguns momentos em que se utiliza Quick Time Events chegam a ser tão agoniantes, tão espantosos, que você se sente na pele de Lara, como se estivesse mesmo no lugar dela tentando sobreviver ao que está acontecendo, tornando o jogo em uma experiência mais imersiva.
Além disso, também é possível explorar o mapa do jogo atrás de artefatos e itens colecionáveis, como dito anteriormente. O game possuí um sistema de evolução de armas e de evolução nas habilidades da personagem que é de praxe por aí mas que também é muito necessário. Outro fato interessante é que é possível caçar animais na floresta enquanto estamos explorando.
Em relação a dificuldade, diria que não é um jogo muito difícil como um todo. Aprender as mecânicas dele não é algo muito desafiador, e os inimigos também não são muito fortes (no modo normal, pelo menos).
Conclusão
Tomb Raider de 2013 é um grande acerto da Crystal Dynamics, e talvez o maior de todos. A gameplay é pontual, sua ambientação é impecável, a história é muito interessante e bem estruturada, mas principalmente: Eles conseguiram dar uma história de origem e desenvolver a protagonista de tal forma que já cria uma base muito estruturada para as (já lançadas) continuações.
Diria que é uma experiencia sem igual, a qual há sensações oscilando entre o terror, o medo, a perda e a esperança; é um jogo que te espanta e que mostra sem nenhum filtro, talvez, o maior instinto humano que temos: o instinto de sobreviver.
Nota: 9.5/10
Eaí o que vocês acham, vale apena jogar?
Esperamos que tenha gostado!
Essa análise é uma opinião do autor: Subzero
Editor de texto: CaixistaFox