Yakuza: Like a Dragon mostra que mudar nem sempre é um problema

Título mais recente repagina a franquia e vira ponto de partida para novos jogadores

A franquia Yakuza conseguiu conquistar seu espaço e vários fãs graças a sua conhecida gameplay ao estilo beat up e por ter personagens carismáticos e cativantes. Não é a toa que a série de jogos desenvolvida pela Ryu Ga Gotoku e publicado pela Sega conta com pelo menos sete títulos principais, além de alguns spins offs.
Com tamanho sucesso, o esperado era que a fórmula que transformou a franquia no que ela é hoje se mantivesse, mas a Ryu Ga Gotoku tinha outros planos. O fim da saga de Kazuma Kyriu fez o estúdio partir para um novo caminho, alterando personagens, mapas e até a sua clássica gameplay.

Novo protagonista, mapa e gameplay

Após acompanhar a história de Kazuma por mais de dez anos, Like a Dragon nos apresenta um novo protagonista: Ichiban Kasuga. Na trama, Ichiban é preso ao assumir um crime que não cometeu para proteger o filho de seu chefe, o qual nutre um grande respeito. Após passar dezoito anos preso e perder toda a sua juventude na prisão, o protagonista procura o seu antigo mestre para retornar a Yakuza, mas é recebido por tiros e escapa com vida por muito pouco. A partir daí, o objetivo de Ichiban é descobrir o que levou o seu, agora, ex-chefe a fazer isso.

 Ichiban Kasuga é o novo protagonista em Like a Dragon. Imagem: Reprodução/Yakuza: Like a Dragon

Ichiban é o total oposto do que o Kazuma era. Enquanto o primeiro protagonista era conhecido por ser um homem de poucas palavras, sério e efetivo nos combates, Ichiban é falante, engraçado e apresenta um estilo de luta menos ortodoxo que o seu antecessor. No entanto, eles têm uma característica em comum: ambos são extremamente carismáticos. Ichiban é o tipo de pessoa que faria o possível e o impossível para ajudar aqueles que ama e que nunca desiste de seus amigos. Embora seja um arquétipo um tanto quanto comum, não demora muito para você ser fisgado pelo enorme carisma do novo protagonista.

Isezaki Ijincho é o principal mapa em Like a Dragon e é maior que o anterior, Kamurocho. Imagem: Reprodução/Yakuza: Like a Dragon

Outro ponto de mudança em Like a Dragon é o novo mapa. O distrito ficcional de Kamurocho, localizado em Tóquio, que era o lugar onde as tramas anteriores da série aconteciam, dá lugar ao distrito de Isezaki Ijincho de Yokohama. Assim como Kamurocho, Isezaki também é inspirado em um distrito real, nesse caso: Isezakichō. Mesmo com a mudança de ares, vale destacar que o clássico mapa ainda se encontra presente no novo game, como uma área secundária.

Mas entre todas as grandes alterações que Like a Dragon trouxe, a principal e mais impactante, está em sua gameplay de combate. O jogo deixou o tradicional estilo beat up de lado e trouxe batalhas por turno, comuns em jogos JRPG. Num primeiro momento, essa escolha pode causar um afastamento tanto dos fãs de longa data, quanto de jogadores novatos, pois jogos com combates por turno não são mais tão populares, exceto no próprio Japão. No entanto, a decisão da Ryu Ga Gotoku se mostrou extremamente acertada, trazendo um frescor novo para a franquia e o executando muito bem.

Sai a porradaria, entra o JRPG

Como citado acima, Like a Dragon trouxe um novo estilo de combate para a franquia focado em batalhas por turnos e segue o padrão de qualquer JRPG. O jogador controla uma party de até 4 personagens (entre 5 escolhas, já que a presença de Ichiban é sempre obrigatória) e alterna entre cada um durante as lutas. Nos combates, o jogador pode apenas realizar uma ação com cada personagem por turno, seja utilizar um consumível, uma habilidade, realizar um ataque direto a algum oponente ou até mesmo fugir. O mesmo também vale para os adversários.

Menu de opções durante os combates de Like a Dragon. Imagem: Reprodução/Yakuza: Like a Dragon

Pensando em oferecer opções ao jogador, Like a Dragon apresenta a mecânica de “ocupações”, que nada mais são que as classes que os personagens podem ter. Cada classe ou trabalho possui diferentes habilidades que são liberadas conforme os jogadores as evoluem. Dentro disso, temos as habilidades de classe e de personagem. As habilidades de classe só podem ser utilizadas se o jogador estiver com a classe respectiva daquela habilidade em uso, enquanto que as habilidades de personagem, após serem liberadas ao alcançar determinado nível, podem ser usadas mesmo que os jogadores alternem para uma outra. Cada personagem tem a sua própria ocupação, podendo trocá-las por outras na agência de empregos de Isezaki. O jogo oferece uma quantidade enorme de outros trabalhos para os jogadores experimentarem novos estilos.

As ocupações/trabalhos funcionam como as classes em Like a Dragon. Imagem: Divulgação/Sega

Assim como em todo RPG, Like a Dragon também possui inúmeras armas e equipamentos para os jogadores utilizarem nos personagens da party. Cada classe tem suas armas e armaduras específicas e uma parte delas podem ser evoluídas até alcançarem o nível lendário, ao serem fundidas com outras. Para realizar esses upgrades, os jogadores precisam obter os materiais necessários, além de também aumentar o nível da loja de ferragem, responsável justamente por essas melhorias.

Menu de melhorias das armas na loja de ferragem. Imagem: Reprodução/Yakuza: Like a Dragon

Viva e explore Isezaki Ijincho!

A campanha de Like a Dragon certamente vai te prender por muitas horas, mas o jogo também oferece aos jogadores uma série de outras atividades para se manterem ocupados quando quiserem dar um tempo na história principal. Além das já conhecidas substories (missões secundárias), o jogo possui atividades dos mais variados tipos e várias delas acontecem por meio de minigames.

Entre essas atividades temos, por exemplo, o gerenciamento de empresas, em que Ichiban começa administrando uma pequena confeitaria endividada. Conforme avança, novos comércios podem ser adquiridos, melhorias podem ser feitas e funcionários mais gabaritados podem ser contratados. O sucesso na empreitada rende quantidades enormes de dinheiro ao jogador que o ajudará durante a sua jornada.

Minigame de gerenciamento de empresas é viciante e pode entreter o jogador por horas. Imagem: Yakuza: Like a Dragon

Além do gerenciamento de empresas, o jogo conta com outras séries de atividades como: ir ao cinema (sozinho ou acompanhado de algum amigo), sair para comer ou beber, jogar dados, poker, mahjong, cantar no karaoke e até brincar nas várias máquinas presentes em fliperamas. Todas essas atividades, além de divertidas de serem feitas, também sempre recompensam o jogador de alguma forma, seja com ganhos de xp, aumento de afinidade com seus companheiros, itens e outras recompensas. Isezaki é um grande playground pronto para você conhecer e explorar.

Considerações finais

Yakuza: Like a Dragon é a prova viva que inovar, em uma franquia já consagrada, não precisa estar atrelado a saturação da mesma. Enquanto muitas outras séries precisaram se reinventar ao caírem na perigosa zona de “mais do mesmo”, a Ryo Ga Gotoku decidiu mudar porque queriam algo novo e diferente. Um movimento bastante arriscado do estúdio, mas que demonstra a coragem em tentar coisas novas.

Sendo um novo tipo de experiência para os fãs consagrados da franquia e um novo começo para aqueles que ainda não estão inseridos no mundo de Yakuza, Like a Dragon acerta em absolutamente tudo que se propõe. É um dos melhores e mais divertidos títulos de toda a série e também dos últimos anos.

Esperamos que tenha gostado!

Essa análise é uma opinião do autor: Breno Silva

Editor de texto: CaixistaFox

Yakuza: Like a Dragon

Like a Dragon inova nas mecânicas de combate e oferece horas de jogatina com diversas atividades aos jogadores. Seja você um veterano da franquia ou um yakuza de primeira viagem, Like a Dragon entrega tudo que um jogo de excelência precisa ter e consegue agradar ambos os públicos. Então monte sua party, escolha suas ocupações e entre de cabeça na aventura de Ichiban.

10
  • Personagens novos e cativantes
  • Bom enredo
  • Combate divertido e vasto
  • Muitas opções de atividades
  • RNG da True Millenium Tower